RODRIGUES DE FARIA: TRABALHOS DE INVESTIGAÇÃO EM NITERÓI
NO dia 16 de setembro, na sede da Junta de Freguesia, realizou-se um produtivo encontro, entre o Presidente da Junta de Freguesia, Vitor Quintão, o secretário, Sérgio Morgado, o Presidente da Assembleia de Freguesia, Carlos Gomes de Sá, e o Dr Rui Viana, tendo como mote Rodrigues de Faria.
Com efeito, estando o Dr Rui Viana a desenvolver um trabalho de investigação de carácter biográfico, sobre António Rodrigues Alves de Faria, que muito novo se radicou no Rio de Janeiro, dedicando-se ao comércio do sal em larga escala e ao seu transporte marítimo para diversos pontos do Brasil, o recente protocolo estabelecido entre a Junta de Freguesia e a Prefeitura de Niterói, poderá auxiliar na recolha de documentos, complementando-se, dessa forma com mais documentação e novos registos, a sua importância enquanto responsável pela Companhia de Comércio e Navegação.
Esta reunião, preparatória da visita do Presidente da Assembleia de Freguesia ao Brasil, onde será recebido na Prefeitura de Niterói, precisamente no dia de hoje, visou, assim, o estabelecimento de novas colaborações, com a Prefeitura e os estaleiros de Mauá, pois é deveras importante que seja reconhecida a importância de Rodrigues de Faria para a cidade e para os estaleiros.
Rodrigues de Faria, dedicando-se inicialmente à exploração e comércio do sal, torna-se, mais tarde, um dos grandes impulsionadores da indústria e do comércio naval brasileiros, ao fundar e dirigir, entre 1905 e 1914, a Companhia Comércio e Navegação, pois, para além de uma importante empresa de navegação era também um grande complexo comercial e industrial.
O nome de Rodrigues de Faria está também associado à criação, em 1905, da Companhia Comércio e Navegação, pela fusão da sua Empresa de Navegação Salina com a Empresa de Sal e Navegação, a Empresa de Vapores Idalina e a Empresa Marítima Brasileira.
A Companhia Comércio e Navegação, para além de ter sido uma das maiores companhias de transporte marítimo do Brasil, foi também uma empresa de reparação naval nos seus estaleiros de Mauá, em Ponta d’Areia (Niterói), devendo-se a Rodrigues de Faria, enquanto gerente tesoureiro, a construção do Dique Lahmayer (1907-1911), infraestrutura importante no funcionamento dessa empresa.
Conforme se lê no relatório da empresa, “em 1905, quando mais intenso era o movimento de transportes marítimos, dando à cabotagem nacional uma aparência lisonjeira de florescimento, começaram as empresas de navegação a experimentar os efeitos de uma grave crise, originada pela guerra das suas próprias tarifas. (…) Nessa época, a baixa dos fretes atingiu proporções inacreditáveis e a despeito de cruzarem os mares do Norte e Sul do País os vapores abarrotados de cargas, a situação das empresas desenhava-se ruinosa, determinando fatalmente uma crise geral nos transportes, se providências cautelosas e urgentes não fossem tomadas a tempo de obstar a graves perturbações no serviço da cabotagem nacional” – [Neste relatório, datado de 1918, referem-se as circunstâncias que estão na origem da fundação da empresa. Cit por GUIMARÃES, José Celso de Macedo Soares – Marinha mercante. In “História naval brasileira”. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, 1985. 5º Vol., T. 2, p.244].
Assim, “encarando o assunto com justeza e precisão de vistas, a firma Rodrigues Faria & Cia., proprietária da Empresa de Navegação Salina (…) e com um serviço organizado o mais regularmente possível, tomou a iniciativa de congregar vários dos elementos concorrentes, demonstrando a conveniência de uma acção uniforme entre as empresas de navegação, a fim de estabelecer o regime normal do serviço marítimo. Graças a essa iniciativa e ao esforço empregado para esse objectivo, pôde a firma Rodrigues Faria & Cia. conduzir o seu trabalho a um resultado positivamente mais vantajoso, para todas as empresas acordes no novo plano de acção, sugerindo a ideia da organização de uma grande empresa, pela fusão das existentes, com o aproveitamento de todo o seu material flutuante”.
Definidos os principais aspetos desse acordo para a fusão projetada, por escritura pública, realizada em 4 de outubro de 1905, nascia a Companhia Comércio e Navegação, a mais importante das suas empresas.
Para além de grande empreendedor, Rodrigues de Faria destaca-se igualmente pela sua extraordinária sensibilidade humana que faz dele um grande benemérito, apostando na valorização e desenvolvimento da terra que o viu nascer, como está destacado na exposição patente no edifício das Escolas Rodrigues de Faria.