COMEMORAÇÕES DOS 90 ANOS DA INAUGURAÇÃO DAS ESCOLAS RODRIGUES DE FARIA

Nesta quadra natalícia, Forjães tem ainda mais brilho e enquanto, pois assinalam-se 90 anos da inauguração das Escolas Rodrigues de Faria.
Para assinalar este momento, a Junta e Assembleia de Freguesia, convidam-nos para se associar às atividades previstas, destacando-se no dia 21, sábado, pelas 16.00h, o lançamento do livro “Azulejaria de Jorge Colaço”, de Gil de Azevedo Abreu. Na segunda-feira, dia 23, precisamente no assinalar dos 90 anos da abertura oficial de portas, teremos, a partir das 17h, um conjunto de atividades evocativas deste momento que marcou Forjães e as suas gentes.
Está prevista a inauguração de uma placa comemorativa desta data, a inauguração de um mural, num gesto que traduz o reconhecimento da comunidade ao benemérito António Rodrigues de Faria, mas também a todos aqueles que deram vida à Escola, que a tornaram uma referência nacional.

Momento marcante será também a assinatura de um protocolo de doação, à Junta de Freguesia, pelo forjanense Luís Coutinho de Almeida, de uma coleção de livros de António Correia de Oliveira, escritor recordista das nomeações portuguesas para Prémio Nobel da Literatura, nascido em S. Pedro do Sul (1879) e radicando na vizinha freguesia de Antas, onde faleceu em dezembro de 1960. É dele o marcante discurso proferido na inauguração da Escola, naquele domingo de 23 de dezembro de 1934, classificando o edifício como o “Palácio do ABC”.

Recuperamos, neste convite para se associar a estas evocações, um excerto do seu eloquente discurso:

“(…)

Eis o caso Rodrigues de Faria: Trabalhou, batalhou, triunfou.

(..)

Venceu, porque, dentro da sua alma enternecia e forte, havia, ao luar da Saudade, um grande sonho, uma benquerença indomável: a terra em que nascera e à qual havia de trazer a felicidade e esplendor da própria Vitória.
E o sonho magnificamente começou a realizá-lo. E até onde irá ainda? Deus o sabe!

Ele aí está, nessa agra e brava redondeza de montes, por sua mão ameigada e edenizada em doces ramagens de água, altas ondas de verdura, jardins, pomares, vinhedos.
Aí está, nos ínvios caminhos antigos, afeiçoados, para nosso bem, à apressada e sôfrega marcha da vida moderna.
Aí está, ainda que às ocultas (mas eu adivinho…) no amparo a tanto e tanto buracão de miséria, rombo de desgraça, ruína de sorte.
Sobretudo aqui está, Senhores! a meter-se pelos olhos dentro, nesta Obra Máxima do seu bemfazer, seu altruísmo.
Isto é um poema, – pois verdadeira, essencialmente o é, – e já em acção viva, praticada e a praticar-se infinitamente. Num só dizer: amor aos homens, altíssima e pura benemerência cívica.
Considerai, atendei um pouco nas gerações e gerações de crianças que vão formar-se neste segundo lar.

Porque é lindo, aqui dentro, e lá fora é lindo; porque há grandeza, aqui dentro, e lá fora há a glória do sol e o vigor das leivas eternamente moças, – ou não fossem Portugal; porque se respira bondade e generosidade, aqui dentro, e, ao redor, tudo é
bom, manso e cristão: de aqui, (como a pomba sai do ovo, a águia do seu ninho) de aqui, ao longo dos anos e dos séculos, – quantas almas a oferecer a Deus e à Pátria!
E eu digo, então, irmãos e companheiros de hora tão excelente, hora tão clara e certa no incerto, vário mostrador da justiça:
Louvor de todos nós, louvor do Estado, ao orago desta festa, ao fundador e doador de tal Palácio do ABC, onde, pelo menos, se vai aprender o que indispensável seja às criaturas de Deus: o Senhor das Luzes que, dia e noite, nos dá aula, pela cartilha do sol, gramática e álgebra das estrelas:
Isto, ele para ti, e só para ti o edificou, ó povo humilde que trabalhas ensinando a terra a declamar, hora a hora, a epopeia e o lirismo do Pão e do Vinho, – e que, no entanto, ainda mal sabes ler!
Pais que tendes filhos a criar, mães que trazeis ao colo os vossos filhos: atendei, considerai na imensa gratidão, respeito e amor que deveis àquele homem, Patrono das crianças.