Na Minha Terra Cabe o Mundo Todo – Laborinho Lúcio deixa marca em Forjães

Integrado nas comemorações dos 35 anos de elevação de Forjães à categoria de Vila, decorreu no passado dia 29 de junho, sábado, a IX edição do projeto “Na Minha Terra Cabe o Mundo Todo”. Lançado em lançado em 2010, pela associação Mar Uno, ACARF e Junta de Freguesia de Forjães, assumindo-se como um projeto que visava trazer a cultura a Forjães, designo que ainda mantém, retomando-se, depois de um interregno de quatro anos, esta iniciativa, desta feita tendo como figura de destaque o Dr Laborinho Lúcio.

Inicialmente pensava com um pendor literário, rapidamente se percebeu que a sua dimensão não se podia restringir à escrita, pelo qui o seu âmbito foi alargado, mantendo o espírito inicial, de trazer a Forjães figuras assinaláveis da Cultura Portuguesa, aqui se incluindo autores de língua portuguesa, independentemente de serem portugueses ou não, pois “Na minha terra cabe o Mundo todo” .

Nesse sentido, foi sempre muito gratificante ver as sessões de encontro com a população lotadas,  sendo também motivo de enorme orgulho para os Forjanense a sua espécie de “Parede da Fama”, de onde constam as impressões palmares de todos os que nos visitaram.

 

I- 2010 – Pepetela

II – 2011 – Inês Pedrosa

III- 2012 – Manuel Alegre

IV-  2013 – Mário Cláudio

V- 2014-  D. Ximenes Belo

VI- Rão Kyão – 2016

VII – Carlos Lopes – 2017

VIII – 2018 – Ruy de Carvalho

 

A edição deste ano teve assim como convidado o Dr  Laborinho Lúcio, jurista, professor universitário, ex-ministro da Justiça e escritor.
Para além da visita às instalações da ACARF, parceira na organização deste projeto, o insigne convidado visitou o Centro Cultural Escolas Rodrigues Faria, obra que o fascinou, em termos de estrutura e recheio. Impressionante foi também o contacto com a cestaria em junco, peça certificada que lhe foi oferecida no final da sessão, juntamente com o vinho Quinta de Curvos e a Cerveja Coice, a par de alguns livros de autores forjanenses, ficando no ar a ideia de uma futura visita.

Na tertúlia, o convidado, com 82 anos, discorreu sobre os seus mais recentes livros (2022 – “A sombra de uma azinheira”, obra enquadrada no âmbito dos 50 anos de abril de 1974; 2024: “A Vida na Selva”) não deixando de responder aos reptos lançados, pelo que também a justiça foi tema de debate, com a moderação do Presidente da Assembleia de Freguesia, Carlos Gomes de Sá. Na sessão, conduzida por Mariana Ribeiro, elemento da Assembleia de Freguesia, usaram da palavra, ainda, o Presidente da Junta de Freguesia, Vítor Quintão, José Manuel Silva, Presidente da ACARF, tendo sido encerrada pelo Presidente da Câmara, o forjanense Benjamim Pereira, que destacou as enormes qualidades humanas do convidado, bem como a sua lucidez e clarividência, em relação aos temas que aborda.

Deixamos uma nota biográfica sobre o autor Álvaro José Brilhante Laborinho Lúcio,  nascido na Nazaré a 1 de dezembro de 1941.

Filho único do casal José e Libânia,  foi, na sua juventude, ator amador, tendo participado na criação do Grupo de Teatro da Nazaré. Posteriormente ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito e obteve o Curso Complementar de Ciências Jurídicas.

Iniciou a sua carreira como delegado do Procurador Geral da República, função que exerceu nas comarcas de Seia, Fundão e Santarém. Depois concorreu para juiz e foi colocado, sucessivamente, em Oliveira do Hospital e em Tábua.

Seguiu-se o cargo de Procurador da República junto do Tribunal da Relação de Coimbra, inspetor do Ministério Público, Procurador-Geral-Adjunto da República, diretor da Escola da Polícia Judiciária e do Centro de Estudos Judiciários.

Foi professor convidado de Direito Penal na Universidade Autónoma de Lisboa e membro do Conselho Geral da Universidade do Minho.

É Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça e Vogal do Conselho Superior da Magistratura, sendo que também o conhecemos pelo desempenho de cargos políticos:

Foi nomeado para funções governativas, como Secretário de Estado da Administração Judiciária e  Ministro da Justiça, em 1990, durante o governo de Cavaco Silva, e Ministro da República para os Açores, em 2003, durante a Presidência de Jorge Sampaio. Foi eleito Deputado à Assembleia da República, em 1995, e presidiu à Assembleia Municipal da Nazaré, eleito como independente pelo Partido Social Democrata.

Foi ainda, até fevereiro de 2012, vogal do Conselho Diretivo da Fundação Centro Cultural de Belém, sendo presidente António Mega Ferreira, tendo sido recentemente um dos elementos da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja.

Pertence a várias associações, entre outras, ligadas às crianças e aos Direitos da Criança e anteriormente presidiu à Assembleia-Geral da Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família e à Mesa do Congresso da Associação dos Juristas de Língua Portuguesa, bem como Membro do Conselho Geral da Fundação do Gil.

Concebeu e coordenou o Congresso da Cidadania, realizado nos Açores, tendo recebido duas distintas Condecorações: Grã-Cruz da Cruz da Ordem de San Raimundo de Peñafort de Espanha, atribuída pelo Rei de Espanha D. Juan Carlos I, e Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo de Portugal (8 de Junho de 2005), do Presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio.

Enquanto escritor, tem inúmeras publicações,  entre as quais 4 romances:

  • Sobre a aplicação do direito(1985);
  • O sistema judiciário em Portugal: uma perspectiva da mudança(1986);
  • A justiça e os justos: conversas com Maria José Braga(1999);
  • Do fundamento e da dispensa da colação(1999);
  • O mar da Nazaré: álbum fotográfico(2002) com Ana David e António Nabais;
  • Direitos humanos e cidadania(2002);
  • Palácio da Justiça(2007);
  • Educação arte e cidadania(2008);
  • Levante-se o véu!(2011) com José António Barreiros e José Braz;
  • O julgamento: uma narrativa crítica da justiça(2012);
  • Portugal e as suas gentes: crise e futuro(2017).

Começou a escrever prosa depois dos 70 anos, daí que se considerasse um “jovem romancista com um grande futuro atrás!

2014: 1º livro de ficção: “O chamador”

2017 Romance “O homem que escrevia azulejos”– finalista do Prémio Fernando Namora 2017

2019 – “o beco da liberdade”

2022 – “A sombra de uma azinheira”, obra de que falaremos mais adiante, no âmbito dos 50 anos de abril de 1974

2024: “A Vida na Selva” – memórias e reflexões de Laborinho Lúcio a quatro tempos

Alguns registos: