CONCURSO DE MAIOS
A Junta de Freguesia de Forjães voltou a dinamizar a tradição dos “Maios”, encontrando-se o Centro Cultural Escolas Rodrigues de Faria engalanado com dezassete bonitos maios.
Em breve apresentaremos o resultado desse concurso, cuja votação foi feita por floristas profissionais, conforme regulamento divulgado, deixando, para já, um pouco da história desta tradição que vamos mantendo viva, agradecendo-se, por isso, a todos os que participaram e ajudam a manter viva esta tradição, dando-lhe visibilidade e projeção.
Ver vídeo com todos os trabalhos:
Maios floridos – um pouco de história:
É tradição em Portugal, com particular enfase no Minho, Douro e Beira Alta, que na noite de 30 de Abril para 1 de Maio, se coloquem à porta ou janelas de casa ramos de giestas amarelas, também conhecidas por “maias”, por florirem em Maio.
A Maia, chamada, também, “Rainha do Maio”, ou “Rosa do Maio”, era uma boneca de palha de centeio, em torno da qual havia descantes toda a noite (1.º de Maio); outras vezes, uma menina coroada com flores, que se enfeitava com o vestido branco, joias, etc., sendo colocada num trono florido, e venerada todo o dia com danças e cantares.
Esta festa, sem dúvida com reminiscências pagãs (celtas-romanas), foi proibida várias vezes (caso de Lisboa foi reconfirmada em 1402, por carta régia de 14 de Agosto que se determinava aos juízes e à câmara que impusessem as maiores penalidades a quem cantasse “Mayas” ou Janeiras, e outras coisas contra a lei de Deus).
No Alto Minho, esta velha tradição mantém-se. Na manhã do 1.º de Maio, as casas das nossas aldeias aparecem todas enfeitadas com raminhos de giesta, relembrando os costumes de coroação (Maio ou Maia). Com o cristianismo deu-se a este velho ritual pagão (rito da fertilidade para uns, novo ciclo da natureza, o triunfo da primavera, o reverdecer das plantas, o começo de um ano agrícola, prognosticando boas colheitas).
O carácter religioso do povo português adotou como certa a explicação da origem das maias que tem a ver com a vida de Jesus, forma encontrada para afastar as ancestrais origens pagãs:
– quando a Virgem foi para o Egipto, deixou pelo caminho muitos ramos de giesta para não se enganar na volta;
– Herodes soube que a Sagrada Família, na sua fuga para o Egipto, pernoitaria numa certa aldeia. Para garantir que conseguiria eliminar o Menino, Herodes dispunha-se a mandar matar todas as crianças. Perante a possibilidade de um tão significativo morticínio, foi informado, por um outro “Judas”, que tal poderia ser evitado, bastando para isso, que ele próprio colocasse um ramo de giesta florida na casa onde se encontrava a Sagrada Família, constituindo um sinal para que os soldados a procurassem e consumassem o crime… A proposta do “Judas” foi aceite e Herodes tratou de mandar os seus soldados à procura da tal casa. Qual não foi o espanto dos soldados quando, na manhã seguinte, encontraram todas as casas da aldeia com ramos de giesta florida à porta, gorando-se, assim, a possibilidade do Menino Jesus, ser morto.
Daí terá vindo essa tradição de colocar ramos e giestas (ou conjuntamente com outras flores, coroas), nas portas e janelas das casas, na véspera do 1º de Maio.
De registar, ainda, que no Alto Minho este costume se estende aos carros de bois, aos automóveis, aos tratores, etc. Em certas localidades, coloca-se o raminho de giesta porque “o Maio é tolo”! Noutras, os rapazes que estão para casar, metem por baixo das portas das casas das moças “de bom comportamento” (sem disso elas se aperceberem) uma “maia de rosas”.
No Alto Minho a par com a tradição religiosa, as “maias” adquirem um carater simbólico, mas também estético e de afirmação social. Além da comum giesta pendurada nas portas e janelas há a tradição de elaborar coroas de flores, sendo a giesta o elemento aglutinador da complexa coroa de flores.
Se em tempos mais recuados, havia a tradição da “coroa das maias”, elaborada em giesta e flores da época, engalanada com um laço de fitas de papel colorido que os rapazes colocavam à porta das suas pretendidas como manifestação do seu amor, hoje o costume mantem-se fazendo-se prova da habilidade da dona da casa e da sua capacidade artística perante a comunidade.
Fonte: A tradição das “Maias” – (sapo.pt)